quarta-feira, 24 de outubro de 2012



Do inferno ao sangue

A rua deserta e os pingos de chuva brandos em minha pele davam um ar sombrio aquela noite. Meus passos cadenciados se aproximam aos poucos de seu objetivo, uma jovem mulher de cabelos róseos que caminhava tranquilamente pela rua. Eu sabia quem era, conhecia aqueles cabelos por décadas e décadas, mas hoje eu apenas queria algo que ela tinha a me oferecer. Apenas usaria de sua 
"boa vontade" para atingir meus objetivos.
Ela para em frente a uma boate mal ilumindada. Uma pequena fila se formava na entrada, mas ela parecia ignora-la completamente caminhando em direção ao segurança que lhe olha de cima abaixo, sorri brandamente e dá passagem a ela.
Passo a mão nos cabelos num gesto um tanto ansioso. Depois coloco as mãos dentro do bolso do paletó, um legitimo armani que eu adorava. Passo pelas pessoas ali paradas, algumas me lançam olhares de aprovação e talvez uma certa incerteza ou medo. Sorrio discretamente, já estava acostumado a esse tipo de reação. É claro que preferia a aprovação, pois facilitava todo meu trabalho. Quando me aproximo do guarda apenas olho fixo em seus olhos e sussurro "me deixe entrar" e o mesmo se afasta um tanto desajeitado e me dá passagem. Sorrio em retribuição como se nada demais houvesse acontecido. Caminho pelo breu do corredor acarpetado chegando a uma porta dupla que abro rapidamente. No salão seguinte uma sucessão de pessoas dançando, barulhos que só eu poderia ouvir, música gótica, cheiro de maconha, um azedo indefinido e sangue, muito sangue. Sorrio novamente, mas dessa vez com mais satisfação. Caminho em meio as pessoas estranhas para mim, roupas negras, corpetes medievais, maquiagem pesada e cabelos com cortes esquisitos e cores berrantes. Na mesma hora percebi que minha vestimenta não era apropriada, porém, nada faria quanto a isso pois eu já estava perto dela.
Avisto os cabelos róseos um tanto afastados, ela estava na escuridão em um canto do salão com mais alguém. Me recosto em uma pilastra afasto da multidão que se sacudia no meio da pista, cruzo os braços apreciando a visão. Ela passeava as mãos pelo corpo de outra mulher, de aparência tão frágil quanto minha querida rosada. Os beijos entre as duas eram suaves e delicados, as bocas se tocavam borrando o batom e as linguas se cruzavam vasculhando cada canto uma da outra. A loira estava recostada contra a parede e a menina que eu vinha seguindo precionava seu corpo contra o dela. As mãos vagueando pelos seios fartos, o quadril e por fim chegando ao ponto de prazer, o vão entre as pernas. A loira geme, eu podia ouvir e era excitante, mas nesse momento a rosada beija seu pescoço num gesto mais que sedutor e lá crava seus dentes arrancando um gemido da pequena menina. Eu podia sentir o cheiro de sangue vindo da mulher, meus olhos brilham enquanto vejo a rosada sugar o sangue que lhe conferia vida.
Sorri me aproximando e sussurrando em seu ouvido enquanto ela lambia a ferida, fazendo a mesma desaparecer.
Eu sabia que a mulher não estava morta, apenas fraca demais para se manter acordada.

- Olá Erick. - A jovem sussurra se virando para mim e largando a mulher sentada no chão.

- Olá Laila, sentiu minha falta? - Falo me aproximando e colocando-a contra a parede. - Creio que ficamos muito tempo sem nos ver não é mesmo? - Me abaixo em direção aos seus lábios e com uma pequena lambida limpo o resquicio de sangue que ficava em seus lábios. -Vim buscar algo muito importante minha cara, espero que não dificulte as coisas.

continua....

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